THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA: 40 ANOS DE POESIA HONESTA

Ed Caliban
Revista Caliban issn_0000311
13 min readAug 27, 2020

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Álvaro Alves de Faria

“Embora partindo de uma experiência individual, o poeta é universal, do momento que é propagador de uma visão do mundo absolutamente única. E aí fala por todos nós. Assim, falando do poeta em geral e, particularmente de Thereza Christina Rocque da Motta, eu diria que seu eu poético se integra e desintegra na própria poesia, de tal forma o criador não só vive a vida, mas por ela é vivido. A poeta, esta inspiradíssima e consciente, como deve ser todo poeta, é um belo exemplo. Dessa maneira, não só constrói o poema como por ele também é construída. E a vida assina embaixo”.

O parágrafo acima foi escrito por Olga Savary (1933–2020) sobre a poesia de Thereza Christina, em palestra que fez na Bienal Internacional do Livro em São Paulo, em 1996. São palavras atualíssimas. Corretas. Explica bem o trabalho de uma poeta brasileira que conhece o seu ofício de escrever poemas, com absoluta grandeza e respeito à poesia, tão aviltada por alguns aventureiros que, infelizmente, passaram a povoar a paisagem da poesia brasileira. E é bom saber que ainda existem poetas como ela, revelando, sempre, porque a poesia existe. Thereza Christina, como disse Olga, é mesmo um exemplo que revela que nem tudo está perdido.

Comecemos com o livro mais recente de Thereza Christina Rocque da Motta, “O amor é um tempo selvagem”, publicado em 2018, em que a poeta é toda feita de despojamento em escrever sobre o amor, uma grande tradição da poesia brasileira e portuguesa que, atualmente, é um tema que praticamente deixou de ser desenvolvido pelos poetas. Talvez não haja espaço para o amor num mundo feito de tantas brutalidades. Mas Thereza Christina não se deixa abater com os ventos que tantas vezes sopram não se sabe para onde. Foi buscar as palavras de amor. Um pequeno poema “O maior amor”, explica melhor e resume o sentimento de uma poeta que sabe

medir as palavras necessária que pede o poema para ser escrito.

O maior amor vem quando

não esperamos por ele.

O maior amor existe

quando não pedimos

nada dele.

O maior amor é nosso

quando somos apenas dele.

Como costuma fazer, Thereza Cristina informa o dia em que escreveu um poema e até o horário. Neste caso, esse poema foi escrito em Copacabana, Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro de 2016, exatamente às 17h53. Revela uma linguagem limpa que se transforma num achado poético de qualidade, em poucas palavras, os versos necessários para dizer o que sente. E dizer com zelo. Esse zelo necessário que o poema exige para existir como poema, um poema com poesia, perfeitamente construído por quem sabe o que é poesia e o que a poesia representa ou pode representar na vida do homem que vive aos tropeços diante de tantos escombros.

Voltemos para o primeiro livro de Thereza Christina, “Relógio de sol”, de 1980, no qual a poeta já revelava o seu caminho poético a ser percorrido ao longo dos anos, o que fez com galhardia e com elegância, já com uma poesia marcante que seria sua trajetória, como se pode ver, sem erro, no poema “Metáfora”, antecipando sua narrativa poética a traçar seu próprio destino e compromisso de ter na poesia especialmente a Beleza que anda a faltar em quase tudo.

Pranto, desespero único.

Sono inatingível

poço sem fundo

abismo de séculos

vãos de silêncio

amor sem palavras

noite sem fim.

Boca da noite

de chuva

de mar

em devaneios.

Estava assim jogada sua semente poética que rendeu livros da mais bela poesia que logo ao primeiro livro antecipou o que pretenda da vida diante e dentro da poesia. Talvez tivesse sentido que não seria fácil, porque, tantas vezes, a poesia dói no verdadeiro poeta, é sempre um corte que vem da inquietude e dos tempos de escuridão. A palavra do poeta não é qualquer palavra. Não. A palavra de um poeta vem do mais fundo do ser, com raízes muitas vezes duras, dor a sempre suportar.

“Poesia Reunida — 40 anos”, é composto pelos 20 livros produzidos pela autora nesse período, mais os poemas inéditos. Uma viagem em que o leitor percorrerá a poesia com a certeza de que está lendo poesia mesmo, nada de enganações tão em voga com publicidade garantida. Thereza Christina Rocque da Motta sempre soube os rumos de si mesma diante do poemas e das palavras. No livro “Mulheres em Shakepeare (2006–2008), em um dos poemas ela diz: “Meus mares não são mais espessos que teu sangue. Por onde sigo carrego-te comigo/ Minhas lutas foram vãs, paródias da minha vida/ invisíveis atos que perpetramos/”. Já no livro “Gesto Redescoberto” (2011) Thereza Christina assinala em linguagem de prosa poética: “O silêncio enrijece os olhos, que procuram além da escuridão. Toda dor é amena, envolta em solidão. Se buscamos o paraíso, lá ele não está. Somente no inesperado reencontramos o pouso. A vida não se detém, nem passamos ao acaso. Entre tantos sofrimentos, a alegria se refaz, não pelo que foi perdido, mas pelo gesto redescoberto”. Nesse mesmo livro de 2011 há dois versos que a mim parecem resumir o que de fato pensa Thereza Christina com respeito à poesia, ao observar: “A pedra no meio do caminho de Drummond/ é a pedra em que todos tropeçamos”. Sempre haverá essa pedra a ser superada, com um salto, contornando o caminho, machucando-se, seja como for. A autora sabe disso e a essa pedra dá o tratamento de seu trabalho poético, que é prosseguir, sem nunca ferir a poesia que atualmente recebe tantas agressões inconsequentes.

AAF -Thereza Christina, 40 anos de poesia. Mas, afinal, o que é poesia, para que serve a poesia num mundo como este em que vivemos de valores todos invertidos, de pessoas pedidas, em que a incerteza vale mais, em que os malfeitores em todos os setores, inclusive o literário, estão ganhando o jogo?

TC — Poesia é essência e, como tal, deve ser tratada com cuidado. É o que está guardado no cerne das coisas, onde elas estão sós, em silêncio. A poesia faz compreender quando não diz o que é. Ela aponta sem mostrar direção. A poesia faz compreender o incompreensível e torna o invisível em visível. Entendi mais coisas lendo poesia do que lendo livros de histórias. Fui mais fundo em minha alma quando entendi um poema e ele me atravessou com sua ponta fina e instigante. Por causa da poesia, atravessei oceanos. Nada me levou mais longe. A minha poesia vai onde eu não vou. A voz de um poeta não morre, embora o poeta tenha nos deixado há milênios. A poesia serve como chave, como enigma, como tesouro, como sorte. Tenhamos sorte de encontrar o poema que nos diga aquilo que precisamos ouvir, que nos dê a chave para abrir a porta diante de nós, revele o segredo contido no enigma e nos faça encontrar o tesouro escondido. Um tesouro guardado no céu, onde nenhuma traça rói, nem ladrão rouba. Da poesia que lemos, ninguém nossa tira. Que eu sirva a ela tanto quanto ela serve a mim, ou mais. Para que, através das palavras que escolho, eu diga o que preciso dizer.

Poemas sobre a poesia vamos encontrar exatamente num livro que escrevemos juntos — Thereza Christina e eu — “Minha mão contém palavras que não escrevo”, publicado em 2017, no Rio de Janeiro. Nesse livro, Thereza Christina abriu sua palavra para se dizer e se mostrar completamente no que diz respeito à poesia e sua conduta, como numa conversa entre poemas em que ela faz seu retrato para mim o mais fiel de si mesma:

Ando escondida entre páginas dos livros

Das últimas bibliotecas.

Os poetas morreram antes de seus livros.

Jazem nas estantes como memórias de dia idos.

A poesia árida fere, a palavra é áspera.

Golpe de faca, cutelo.

Para abrir as entranhas do novo.

Ninguém lerá o poema, mas ele espera ser lido.

Um dia o poema será lido.

E o que está no poema?

Não é fala, mas a palavra dura.

Não é o homem, mas o seu reflexo.

Não é a voz, mas o silêncio.

O pensamento que cabe em cada sílaba

Sussurrada na biblioteca de Borges.

Os sábios construíram seu conhecimento do nada.

Tiraram coelhos da cartola,

Pombas de lenços vermelhos,

Serraram moças ao meio,

Como se fosse possível recompô-las.

Fecharam-se em armários com fundos falsos

E caíram sobre um colchão duro.

A palavra é mágica.

E sem nenhum destemor, opera milagres.

Não se escreve sobre o que não se conhece,

Mas deciframos sobre o que não sabemos

Por essa rara urdidura que a palavra tece.

Eis aí uma confissão de fé poética, um poema em que a poeta diz suas palavras mais nítidas para explicar a poesia. Que me desculpem os tantos doutores da poesia brasileira ter escolhido um poema de um livro que Thereza Christina e eu escrevemos juntos, poemas que conversaram entre si, dois poetas, um homem e uma mulher, a visão masculina e a visão feminina do poema e da poesia. E a poesia de Thereza Christina, por esse poema escolhido, mostra bem porque existe. É simples: existe porque Thereza Christina Rocque da Motta é poeta acima de qualquer suspeita. Sabe lidar com a poesia e, sobretudo — isso é importante — sabe sentir a poesia como a poesia pede para ser sentida. E respeitada.

ENTREVISTA

AAF — Thereza Christina Rocque da Motta, você está comemorando 40 anos de poesia. Para mim, isso representa um fato extraordinário, especialmente porque ocorre, no Brasil, uma terra em que, infelizmente, a cultura parece não fazer parte da identidade de um povo. O que significam para você esses 40 anos de dedicação à poesia?

TC — A cultura tem várias facetas. O Brasil é um país muito grande, o que é cultura no Norte ou Nordeste, para nós, no Sul ou Sudeste, tem outra expressão, porém, a poesia é um denominador comum entre poetas de todas as regiões, principalmente para quem entra em contato com autores de vários estados brasileiros, como eu entrei desde que iniciei, há 40 anos, realizando concursos nacionais de poesia e antologias poéticas junto com outros poetas de São Paulo, entre janeiro de 1980 e dezembro de 1982. Então é extraordinário, sim, ter continuado nessa senda aberta em 1980, incentivada pelos poetas da geração 1960 de Poetas de São Paulo, que lançaram a partir desse ano livros importantes para quem estava começando, como eu.

AAF — Juntamente com a poesia você encontrou lugar para criar uma editora especialmente dedicada à poesia. Como foi isso?

TC — Esses 40 anos dedicados à poesia, em meio a todos os poetas que conheci durante esse tempo, lançando 20 livros de poemas e abrindo a Ibis Libris Editora para publicar principalmente poesia, significa que eu não me enganei na minha escolha ao abdicar da profissão de advogada e de professora de inglês que exerci conjuntamente por 20 anos, para me dedicar exclusivamente aos eventos, à publicação e a difusão de novos livros de poesia. Paralelamente à editora, continuei escrevendo e publicando os meus livros de poemas, como um reflexo da convivência com poetas de todas as idades e procedências.

AAF — É possível para você destacar um período especial nessas quatro décadas de poesia?

TC — Houve diversas fases durante esses 40 anos. A primeira entre 1980 e 1982 no início, com o lançamento do meu primeiro livro individual, depois de várias antologias do grupo de poetas que fundamos em São Paulo. Foi a mola propulsora das primeiras publicações. Depois seguiu-se um interregno de 13 anos sem publicação, até 1995, quando reestreei com “Areal”. Essa retomada ocorreu por impulso próprio, depois de passar 10 anos só escrevendo. Foi como um renascimento. A partir daí, não parei mais, até voltar a morar no Rio de Janeiro em 1999, quando entrei em contato com poetas cariocas. Nesse tempo, a cidade já fervia um novo momento poético, com vários saraus, leituras, encontros, festivais de poesia. Um ano depois, eu fundei a editora com um lançamento, já sendo chamada de “A casa da poesia”.

AAF — E daí para adiante? Foi um renascimento da poeta?

TC- A minha chegada no Rio foi crucial para voltar a escrever, convivendo com os poetas cariocas e mantendo contato com os poetas de São Paulo. Um livro levou a outro, fui publicando o que ia escrevendo, o que estava guardado desde que tinha voltado a escrever a partir de 1996, lançando alguns livros, como “Sabbath”, em 1998, “Alba”, em 2001, “Chiaroscuro”, em 2002, “Lilases”, em 2003. Depois do período de “renascimento”, em 1995, sinto uma constante “ascensão”, passando de um livro a outro, com pausas entre eles, mas com muito material acumulado. Cada livro é uma história, desde a concepção até o lançamento.

AAF — Este “Poesia Reunida” é tudo?

TC — Não. Estou publicando minha “Poesia reunida” agora, mas tenho cinco livros inéditos de poemas, uma tradução e um de contos, que não entraram nessa coletânea. Mas um desses picos foi a publicação de “Folias” e “Horizontes” em 2014 quando reuni 20 livros avulsos que decidi que não iria publicar separadamente, então fiz uma coletânea de livros inéditos, divididos em duas partes. Foi um auge ter liberado todo esse material de uma vez. Depois disso, publiquei “O amor é um tempo selvagem”, em 2018 e continuo esperando a chance para publicar os cinco títulos que faltam que já estão prontos há algum tempo. Os inéditos avulsos foram incluídos na “Poesia reunida”, pois havia muitos poemas esparsos escritos nos últimos 20 anos.

AAF — Como você se situa na produção de poesia hoje no Brasil?

TC — Eu inflaciono o mercado de poesia no Brasil. Estou sempre lançando livros novos de poesia meus e de novos poetas, ou livros inéditos de autores já conhecidos. Faço antologias, coletâneas a partir de eventos, de encontros de poetas. Lancei quatro antologias de poemas inéditos entre 2002 e 2012, chamados “Poemas cariocas” e “Ponte de Versos”, com poetas que frequentavam esse evento. Sem querer, me tornei referência para os novos livros de poesia, e outras editoras se espelharam na minha experiência para fazer seus livros, ou novas editoras foram abertas para repetir esse mesmo movimento. Nos últimos 20 anos abriram-se mais editoras no Brasil do que nos 20 anos anteriores. Houve um período recente em que se disse que “nunca se publicou tanto” no Brasil, mas continuávamos a enfrentar os gargalos nas vendas para o governo, distribuidores e livrarias. Mas essa é outra história.

AAF — As más línguas dizem sempre que a poesia já morreu. Eu digo, sinceramente, em meu nome pessoal: algumas vezes vendo o que vejo por aqui chego a acreditar nisso. Mas sempre procuro me recuperar, mesmo diante dos atos mais desoladores.

TC — A poesia continua viva, apesar de todos os pesares. Há movimentos poéticos em todo lugar. E faço parte de um desses movimentos, além do próprio gesto criado pelas publicações da minha editora, principalmente de livros de poesia. Então, tenho dois atributos, como autora e como editora. Essas duas atividades se confundem, porque são realizadas simultaneamente. Como autora, eu não me distancio muito da editora, pois edito meus próprios livros, mas como editora, eu enxergo aquilo que a autora não veria para fazer um livro. Mas sempre fiz meus próprios livros desde 1980. E por isso passei a fazer os livros dos outros, por decorrência natural.

A minha convivência com grandes poetas que conheci ao longo desse tempo me trouxe parte desse reconhecimento e por ter formado um grupo de leitores, que repercutem aquilo que leem o que eu publico. Uma delas me disse que meus poemas “continuavam falando” na sua cabeça. Depois que Hilda Hilst me disse que eu era poeta antes de eu começar a publicar, aos 19 anos, achei que era uma enorme responsabilidade ser chamada assim. O poeta nunca sabe quando vai escrever seu próximo poema. Mas começa a escrever quando se determina a fazê-lo. Esses 40 anos me mostraram que tudo o que fiz teve um propósito, mesmo que eu não tivesse planejado, mas se tornou um projeto à medida que fui fazendo, e tomei as decisões de escrever o que escrevi e de publicar o que publiquei.

AAF — Você sabe do meu rigor e até um certo ceticismo na observação da poesia brasileira, invadida, infelizmente, por pessoas que nada sabem de poesia e, no entanto, se multiplicam. Todo mundo é poeta. E não é assim. Não pode ser assim. Você, sim, é poeta, você batalha há 40 anos pela poesia e sabe bem do seu ofício, sou testemunha disso. Escrever poema não é colocar uma palavra debaixo da outra, como muitos ainda pensam. Peço que você fale sobre esse trabalho e esse respeito que tem pela poesia, já que vejo em você uma poeta séria do Brasil.

TC — Verdade, nem todo mundo que diz escrever poemas é poeta. Um poema é uma forma, uma estrutura. Às vezes, chamam contos ou crônicas de poesia, sem nem mesmo se dar ao trabalho que quebrar o texto em versos. Eu me habituei a ler grandes poetas, e conhecer o que vem a ser poesia desde sua origem. Quando não encontro qualidade poética no que leio, eu tenho a obrigação de avisar ao autor que aquilo não é poesia. É um texto, pode estar rimado, pode estar metrificado, empilhado em versos, mas não é poesia. Nos 20 anos de editora, já enfrentei alguns problemas nesse sentido. Já revisei e editei muitos “textos poéticos” tentando cortar os excessos, e ajustar o que poderia se tornar um poema. Mas descobri também que qualquer coisa que se escreve pode agradar a uns e desagradar a outros. Nem sempre aquilo que eu considerava ruim era visto assim por leitores menos exigentes. Então, a poesia pode ter várias “versões”. Sempre levei essa empreitada adiante como missão.

AAF — Missão? Como é isso?

TC — Nem sempre encontramos grandes poetas em início de carreira. Eu publico os primeiros livros. Muitas vezes, são um desastre. Mas pode ser mostrado um caminho. Eu também comecei um dia, e alguém me mostrou o caminho, não podemos desprezar o caminho de cada um. Mas há caminhos e caminhos. Temos que mostrar para quem está começando que ele precisa atirar alto. Que é preciso ler muito, estudar muito, praticar muito para chegar lá. Que a alta poesia passa por estratosferas que muitas vezes parecem inatingíveis. Há poesia no singelo, mas há mais poesia no poema que nem todo mundo escreve. Toda vez que topo com um poeta iniciante, eu digo o que Mario Quintana disse uma vez para um deles: “Escreva, escreva, escreva, e me volte daqui a 20 anos”. Eu fiz isso. Eu continuei escrevendo. Hilda Hilst tinha razão, eu iria chegar lá sozinha, mas tive que ler muito para entender o que estava fazendo, porque existe um período intuitivo que deve ser consolidado. Não podemos só contar com a intuição. Leiam os grandes poetas. Leiam a grande poesia. Só assim poderemos chegar perto do que eles foram.

(*) Jornalista, poeta e escritor — São Paulo/Brasil

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