LIVRO-ARBÍTRIO, DE ÁLVARO ALVES DE FARIA, POETA UNIVERSAL

Ed Caliban
Revista Caliban issn_0000311
13 min readSep 20, 2022

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Graça Capinha (*)

Um livro que reúne inéditos de onze anos de escrita poética é, sem dúvida, algo inesperado em Álvaro Alves de Faria. Este “Livro-Arbítrio -Mil e Tantos Novos Poemas”, como se pode ler no subtítulo, parece ser o trabalho do que foi sendo aperfeiçoado ao longo dos muitos anos sem que este poeta alguma vez tivesse deixado de publicar. Aqui, escrita como uma forma de respiração, poder-se-ia dizer. E uma respiração plena, sôfrega quase, como se a vida fosse pouca para tanta força criativa.

Li estes poemas como se de curtas legendas se tratassem para apor a tudo o muito que este poeta nos ofereceu, como se pequenos epigramas escritos sobre a sua própria obra. Não esquecer que epigrama significa, em grego, sobre-escrever, assim se sublinhando também o carácter metapoético que estes textos apresentam: poemas escritos sobre a própria poesia, escrita sobre a escrita. O que, em Álvaro Alves de Faria, significa também sobre a vida, porque, como Walt Whitman tão bem nos mostrou (e o nome de Whitman há-de ser evocado em Livro-Arbítrio), o poema é a própria vida, escreve-se nela e com ela — uma canção de si, que nos convoca a todos e a todas, e que só existe nessa expansão do corpo e da consciência. Daí que o título faça todo o sentido no trocadilho criado entre “livre arbítrio” e “livro arbítrio”. Também, tal como Whitman anuncia logo no início da sua canção, há que suspender temporariamente as escolas e as crenças, e ser inteiramente livre na imensidão da existência (que também compara a um mar), tomando a responsabilidade individual das decisões sobre os caminhos a seguir. Assim a vida se faz escrita e a escrita se faz vida — assim mesmo, tautologicamente: um ser livro que significa um ser livre. No primeiro poema, mais longo, que terá por título, precisamente, “Arbítrio”, podemos ler: “O livre arbítrio o livro arbítrio o livre livro o livro livre”.

Porque o caminho faz-se ao andar, como diria António Machado, com a negatividade estrutural a que a escrita de Faria nos habituou, a paronomásia e o trocadilho fundam o paradoxo permanente de alguém que tomou um caminho de busca — pelo sentido da existência e da escrita: “o livro arbítrio do que não é e ainda está por existir/como a sombra que invade o quintal e arranca as raízes das plantas/como dedos caídos de mãos desconhecidas.” (…) “a poesia que não sabe porque o poeta não sabe”.

A palavra desvenda-se a si mesma, conclui o poeta, mas o processo nunca termina, pois nunca o que se desvenda é definitivo. Resta continuar o caminho/a busca/a escrita/a vida, deixando para trás o que termina e levando em frente o sangue novo, penoso e difícil, da descoberta, metonimicamente representado nas “sílabas vermelhas” que encerram o primeiro poema.

O caminho se faz por “mares nunca dantes navegados”, com um “sal que vem de águas longínquas”, assim se ecoando dois grandes vultos da poesia em língua portuguesa, Camões e Pessoa, nomes evocados nalguns poemas da obra. De resto, essa intertextualidade há-de incluir muitos outros nomes de outros poetas com quem Faria dialoga no seu percurso literário. Quero, porém, destacar aqui o nome dos dois poetas portugueses, pois este é um poeta que disse um dia: “Quero ser um poeta português!” Filho de pais portugueses, o processo de construção, por vezes ambíguo e até ambivalente, da sua identidade poética parece-me estar indelevelmente marcado por essa condição vivida e por aquilo a que já chamei “uma memória da memória”, uma vez que se trata de alguém que cresceu e viveu num universo simbólico enraizado na memória de uma portugalidade, muitas vezes, mais imaginada do que real. Não tendo vivido Portugal além dessa memória até bastante tarde na sua vida, este “eu” poético reconhece-se na vivência de uma emigração que permanentemente se faz um “entre-estar”, entre cá e lá, existência sempre fora de um lugar, nómada e rizomática — como a da própria poesia que busca, que procura um sentido e um território em que o sujeito poético possa ancorar. Assim mesmo se poderia definir o cerne de toda a obra deste autor, incluindo a deste livro. Contudo, se é verdade que esta escrita se centra, de forma permanente e quase obsessiva, no “eu” e na natureza da própria poesia que o sustenta, estamos muito longe de uma escrita confessional, antes sendo confrontados pela difícil questionação ontológica e epistemológica que o processo de reterritorialização implica. E esse processo é sempre linguagem, na e pela linguagem, ou, diria mais, na e pela poesia — antes de qualquer linguagem. Diz o poeta: “A porta se fecha,/a porta se abre,/a porta à minha frente/a me separar do mundo,/a me dividir/em duas vidas,/a que está

dentro/e a que está fora.//Mas há a que está de lado,/à margem dela mesma,/à margem de mim,/dentro de mim,/fora de mim,/essa que não tem lugar.”

Essa porta, esse não-lugar, acaba por ser sempre o lugar dos poetas, o lugar de quem está “entre” a sua visão interior da realidade (dentro, também a da memória da memória de um Portugal mítico) e a realidade que as palavras nos permitem ver (fora, esse “real” que, afinal, não passa de uma construção social na linguagem), o que, no caso da vivência migrante, implica dois territórios diferentes, duas visões diferentes. A essa realidade construída pelas palavras que “vêem”/criam uma ordem no mundo chamou Rimbaud “cegueira”, aquela a que poetas como Faria também resistem — e o seu activismo político inclui-se nesta mesma resistência. Não esqueçamos que estamos perante o poeta do Sermão do Viaduto, que, na década de 60, em plena ditadura brasileira, inaugurou as leituras públicas em S. Paulo, o que lhe valeu várias detenções pela polícia. Todo o seu percurso foi sempre a prova provada que não há poética sem política, tal como não há política sem poética.

Mas, voltando às duas portas, que implicam essas duas vidas (a de dentro e a de fora), apõe-se uma terceira, aquela que só os poetas sabem estar lá, a porta de lado, à margem, dentro e fora, que é, mas que não tem lugar na linguagem e, por isso mesmo, ao não estar, não permite ver sem cegueira esse outro real, essa outra vida que se pressente como mais verdadeira, a da própria poesia. Por isso, podemos ler, num outro momento: “Há dois homens/que vivem em mim,/um que sou eu/e outro/que não conheço.//O que sou eu/vive a caminhar desertos,/enquanto o outro/anda à procura de si.//São dois homens/ao mesmo tempo:/um que só acredita,/outro que apenas mente.” Ou, num tom um pouco mais trágico: “Cansado/de não ter rumo/e de sempre/andar a esmo,/o poeta encontra a vida/exilando-se/de si mesmo.”

Este é o destino de quem aceita o desafio do anjo, uma das muitas imagens repetidas ao longo de Livro Arbítrio, desde logo no título de uma das secções que o constituem, Ângelus, mas também presente noutras obras do autor. Este é o anjo rilkeano (e Rilke é também um dos nomes referidos explicitamente em texto), o anjo das Elegias de Duíno, glorioso e terrífico, aquele que vem desafiar o poeta a resistir à vida vulgar, às forças obscuras e não-criativas da vida. O anjo como potência da beleza que acompanha o poeta na sua busca, que lhe exige um combate invencível, mas que eleva o ser humano (“O belo apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar”, afirma-se na “Elegia I”). Esse combate encontramo-lo permanentemente na obra de Faria, um combate penoso e difícil, mas reconhecendo-se sempre também a sua grandeza: “Conheci um homem livre,/mas ele não tinha mãos./No entanto, tinha alma/e era um homem livre/com uma estrela no bolso.”. Não será por acaso que a primeira secção do livro tenha por título, precisamente, Ânima, alma, logo depois do poema introdutório a que comecei por me referir, “Arbítrio”. Ter alma, ter a capacidade da escolha, ser livre — eis o que de mais difícil e de mais grandioso tem a existência humana. O anjo está lá para que não seja possível esquecê-lo — e, por isso, este poeta assume o combate. Põe no bolso uma estrela — outra das muitas imagens repetidas na obra de Faria — , mesmo que metafórica, de modo a que não seja possível esquecer esse mundo outro de cujo pó viemos. E assim vai pela vida, ecoando Paul Celan (“Ich muss dich tragen” — tenho de te carregar), carregando esse peso, que é o do anjo e/ou o da estrela: “Carrego esta sombra/de vidro/que não se quebra.//Mas corta/por dentro, onde está.//Fere fundo no oceano/que tenho/como náufrago sem saída.//Carrego esta sombra/por dentro,/à deriva.”

Não surpreende, pois, que se escreva, logo num dos primeiros poemas do livro: “para se escrever um poema. Uma vida inteira.” Nem, tampouco, que a repetição, a lembrar Sísifo, surja nessa insistência. “Faz 50 anos/que faço o mesmo poema/e ainda falta/muito para terminar.” Ou mais adiante, num viés diferente do de Stein: “repetir-se,/repetir-se,/repetir-se sempre igual,/viver a mesma vida/no mesmo ponto final.” De facto, mesmo que isso não seja o cerne de todos os livros deste autor, estou tentada a afirmar que esta temática está sempre presente, de um ou outro modo. Como na música, como se tivéssemos repetidas variações sobre o mesmo tema — que é exactamente o que acontece em Livro Arbítrio. Se não, vejamos os títulos das quinze secções que constituem a obra e que, juntas, parecem querer definir a poesia e/ou o “eu” poético: Ânima, Ângelus, Âmago, Dádiva, Lâmina, Íngreme, Cálice, Álibi, Ária, Gótico, Lírico, Límpido, Êxtase, Ávido, Íntimo. Todas a iniciar-se com um poema longo, a servir de mote aos poemas mais curtos que se seguem.

De Ânima e Ângelus, falei já. Como também falei de como o âmago do poeta (também o seu íntimo) e o âmago do mundo são centrais numa composição poética que escolhe a dificuldade (lâmina, íngreme) e até a dor (cálice, metonimicamente a apontar para a dimensão cristã, tal como dádiva), o estar fora da ordem hegemónica do mundo

(álibi remetendo para esse crime), para, ávido, com palavras antigas (gótico), procurar a limpidez, a clareza e, aí, o êxtase. Há, nesta poesia, sempre, um enorme sentido do sagrado, da relação sagrada da poesia com a procura da verdade e do absoluto na existência humana. Diz o poeta: “Serei como um sacerdote/numa igreja/porque para Deus/os livros de poesia são sagrados”

Ária e Lírico remetem-nos, de imediato, para a música, para a canção de si, que comecei por referir. Muito se tem falado do lirismo da poesia de Álvaro Alves de Faria. Mas este lirismo, na linha do que venho afirmando, não é de índole confessional ou sentimentalóide, como muita da poesia que ainda se escreve na esteira do epigonismo romântico. Não há dúvidas de que esta poesia se inscreve na grande tradição romântica, mas na perspectiva de uma vertente crítica que a tem vindo a revisitar e a rever, percebendo que a obsessão com a centralidade do “eu” significou, nos grandes autores românticos, o exercício da sua própria inautenticidade. Esses autores tinham já a consciência penosa de que a linguagem falha sempre: não sendo o real, mas a sua representação, a linguagem, na sua imperfeição, não pode, não consegue, não diz o “eu”. Por isso, a insistência, a repetição, a necessidade obsessiva de voltar a tentar. Se assim não fosse, no primeiro poema, o “eu” estaria dito e não haveria a necessidade de o voltar a dizer.

Lirismo também no sentido de “lira”, aproximando-se do sentido de ária e apontando-se para a musicalidade desta escrita. Também nessa dimensão, a escrita de Faria é exemplar, recorrendo, antes de mais, à rima final, à rima interna, à aliteração, à anáfora e à epífora, mas também aos jogos homófonos, como o trocadilho, a paronomásia (a que já fiz referência) e o polyptoton. Este é um poeta “antigo”, no sentido de ser um técnico e um profissional de uma língua, o Português, que conhece profundamente e cujas sonoridades sabe trabalhar de forma extraordinária. E, de facto, estes poetas são hoje raros, pois o verso livre parece ter tomado todo o terreno. Mas a poesia começou aí, pois, na sua origem, era o bardo — aquele que conhecia e guardava para os vindouros o conhecimento da comunidade em padrões de som que o mantinham na memória. Este é, sim, um poeta antigo: “Não sou um poeta/de palavras novas.//Pelo contrário:/só uso as antigas.//De poucas palavras/sonho ainda/ser um poeta/de palavra nenhuma.”

E, de facto, nas últimas secções do livro, há poemas que têm versos cada vez mais curtos, por vezes, apenas com uma ou duas palavras, monossilábicas ou dissilábicas. Como se o poeta quisesse ver-se livre das palavras, para, finalmente, ver e/ou compreender o Absoluto, como se num encontro transparente com a Verdade: “Quero um poema/sobre o nada,/um poema/que é o nada,/ele mesmo/com suas palavras /desnecessárias.//Um poema sobre o nada,/o nada claro, nítido,/abrangente e espesso/como o nada deve ser.//O nada do nada,/o que não resta,/o que não há.//Quero esse poema,/o nada/para compreender.” Simultaneamente, sabe o risco que esse encontro transparente significaria, ou seja, a sua própria dissolução, tão desejada, mas tão temida: “Sendo agora/um ex-poeta/estou/definitivamente/livre de mim”, mas “Não ouço/o que/me digo,/mas sei/que corro/perigo/a andar/sempre/comigo.”

Para terminar, não posso deixar de referir o humor que esta poesia também nos oferece, porque, como o próprio poeta afirma: “a poesia não tem/cura e às vezes mata.//O lenitivo é tomar/uma vez por dia,/pela manhã,/uma xícara de lirismo/e um comprimido/de ironia.” Tal como T.S. Eliot queria, esta ironia distanciada — a que deu o nome de wit, na esteira dos poetas metafísicos ingleses do século XVII, que pretendiam demonstrar que a poesia também se escreve com a Razão e não, apenas, com a Imaginação, crença que, infelizmente, esse século das Luzes, inaugurador da nossa Modernidade, nos deixou por herança — é fundamental. O escritor pode, assim, olhar, sem paixão, sobre a sua própria composição poética. Muitos seriam os exemplos, mas escolho, não só por economia, o seguinte: “O que resta/de mim/é um ponto/de interrogação.//Meu problema/é gramatical.” Este poema lembrou-me de um outro dos meus poetas favoritos, Robert Duncan, que dizia que lutava contra a sintaxe para libertar a Sintaxe (“I struggle against syntax to liberate Syntax”). Essa é também a luta de Álvaro Alves de Faria: ser um ex-poeta, deixar a poesia, para chegar à Poesia, a verdadeira, aquela que, também como o poeta norte-americano acreditava, existe antes da linguagem.

Mas, sendo portuguesa, devo dizer que este é o meu favorito: “Quando/eu crescer/serei/navegador.//É ser/um poeta/do avesso.”

É isto que a grande poesia nos permite: inaugurar novas visões. Depois destes curtos versos, nunca mais pensarei na História portuguesa da mesma maneira. A este poeta brasileiro e português, a este poeta tão universal no seu localismo, só tenho de agradecer pelo muito que a sua poesia me tem dado.

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(*) Graça Capinha

Universidade de Coimbra

Professora Auxiliar do Departamento de Línguas, Literatura e Culturas –DLLC (Seção de Estudos Anglo-Americanos — SEAA — Faculdade de Letras.

Investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES

Co-coordenadora dos Programas de Doutoramento “Discursos: Cultura, História e Sociedade” (FLUC/FEUC/CES) e de Mestrado em Escrita Criativa

Universidade de Coimbra

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LIVRO-ARBÍTRIO

Álvaro Alves de Faria, São Paulo, Brasil

Onze anos. De 2009 a 2020. Esse foi o tempo de trabalho para escrever este livro de quase 900 páginas. Uma obra realizada paralelamente com outras, que foram publicadas especialmente em Portugal. Nesses 11 anos, segui com meus afazeres literários em vários períodos desse tempo de produção, particularmente de poemas. E sempre surgiam poemas que eu sentia que não pertenciam ao livro que eu estava escrevendo naquele momento. Colocava, então, no arquivo “1.000 Poemas”. E, assim, os anos foram passando, com meu trabalho seguindo normalmente. E, normalmente, também, seguia este projeto dos “1.000 poemas”. Cada vez que surgia um poema fora da linha do que eu escrevia naquele momento — e foram muitos –, ia para a pasta dos “1.000 poemas”, como ficou marcada em mim. Onze anos de trabalho contínuo, porque escrevo muito, certamente o poeta que mais produz da minha Geração 60 de Poetas de São Paulo. E o que mais publica também. E foi assim, até que, repentinamente, surgiu a oportunidade de publicar o livro que se chamaria “1.000 novos poemas”. Fui, então, ao arquivo e me assustei. Ali estavam muito mais de 1.000. Esses 11 anos de trabalho produziram, sem que eu percebesse, mais de 1.400 poemas. A ordem era, então, cortar e escolher os 1.000 que fariam o livro. Não consegui. Senti muita dificuldade em retirar os poemas para chegar ao número certo. Trata-se de algo que não está em mim. Não sou uma pessoa prática. Nem um poeta prático. Diante dessa questão insuperável, as editora Ibis Libris, do Rio De Janeiro, e a Pantemporâneo, de São Paulo, decidiram publicar todos os poemas escritos em todo esse período de 11 anos, todos inéditos. E assim foi feito. Os poemas foram divididos em 15 blocos, cada um identificado por uma palavra. Orgulho-me deste livro. Não sei que caminho vai tomar, mas orgulho-me dele. Não se alinharam em vários momentos de minha produção de poesia, mas eram e são poemas vivos que foram colocados num arquivo até chegar seu tempo. E esse tempo chegou. Publicar poesia no Brasil não é fácil. Imaginem um livro com mais 1.000 poemas. O livro está aqui. Agradeço, sinceramente, a todos os amigos que tornaram esta publicação possível. Sem essa ajuda, este livro que você tem nas mãos não existiria. Agradecimentos especiais para a poeta e editora Thereza Christina Rocque da Motta, da Ibis Libris, e ao artista plástico Valdir Rocha, da editora pessoal Pantemporâneo. Sou poeta a vida inteira. E sei o que significa a poesia na vida do homem e de um povo. A poesia brasileira não vive um bom momento, infelizmente. E já faz tempo. O que existe é uma “poesia” de alguns que se aventuram a seguir um caminho que não conhecem, com publicidade garantida por um jornalismo cultural sem compromisso. Lastimável que seja assim. Por esse motivo, me dediquei por 15 anos à poesia de Portugal, estudando a poesia portuguesa especialmente junto à Universidade de Coimbra e aos amigos poetas que tenho lá e em outras regiões de Portugal, terra de meus pais e de toda minha família. No Brasil — é lamentável dizer — os poetas de verdade que ainda existem se isolam. É uma espécie de exílio do próprio país. Confesso que eu sou um exilado.

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