Lançamento do livro “A Transfiguração da Fome”, de Sara F. Costa
Tu e eu não somos apenas nós, somos também duas unidades, eu ocupo um poema, tu ocupas outro. A Transfiguração da Fome, de Sara F. Costa, é uma longa narrativa sobre nós: tu, eu e o mundo. Essa história pode ser lida em várias direções, sem necessidade de início ou de fim: há fins antes de certos inícios, há fins depois de outros fins. Em qualquer dos casos, esse será um caminho de referências concretas, papéis no chão levados pelo vento, e metáforas, horizonte. Sara F. Costa prepara-nos uma cartografia exata, não apenas no rigor com que organiza a linguagem, mas também na delicadeza do silêncio: entre palavras, entre versos, entre o título e o início do poema. (José Luís Peixoto)
Lançamento do livro “A Transfiguração da Fome”, de Sara F. Costa, a 28 de julho, às 17h00, no Espaço Menina e Moça Livraria Bar, em Lisboa. A autora fez a licenciatura em Línguas e Culturas Orientais e o mestrado em Estudos Interculturais: Português/Chinês pela UMinho. O seu quinto livro de poesia insere-se na coleção “Contramaré” da editora Labirinto, tem prefácio do escritor José Luís Peixoto e recebeu uma menção honrosa no Prémio de Poesia Soledade Summavielle (2ª edição).
Iniciativa de entrada livre e com a presença de Victor Oliveira Mateus, coordenador da coleção, juntamente com Daniel Gonçalves e o editor João Artur Pinto. Apresentação do livro a cargo de Fernando Sales Lopes e António Graça de Abreu. Leitura de poesia por Lígia Reyes e Gisela Casimiro.
Sara F. Costa — Sobre a Autora
Nasceu em 1987 em Oliveira de Azeméis. Fez a licenciatura em Estudos Orientais e o mestrado em Estudos Interculturais: Português/Chinês pela UMinho, em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Tianjin, China. Tem vários prémios literários nacionais na área da poesia. Participou no Festival Internacional de Poesia e Literatura de Istambul 2017 e em 2018 fez parte da organização do Festival Literário de Macau e do Festival Internacional de Literatura entre a China e a União Europeia em Shanghai e Suzhou, China. Reside em Pequim.
Tem publicadas as obras poéticas “A Melancolia das Mãos e Outros Rasgo”s (Pé de Página editores, 2003); “Uma Devastação Inteligente” (Prémio João da Silva Correia, Atelier Editorial, 2008); “O Sono Extenso” (Prémio João da Silva Correia, Âncora Editora, 2012); “O Movimento Impróprio do Mundo” (Prémio João da Silva Correia, Âncora Editora, 2016) e “A Transfiguração da Fome” (Editora Labirinto, 2018).
Poema “Império ao meio” (de “A Transfiguração da Fome”)
sento-me no limite desta cidade
a observar os quilómetros percorridos entre existências.
em hora de ponta nenhum coração está vago.
queria traduzir-te o sorriso
e fumar os prédios,
bebe-los com a agonia.
dizem que sem medo há sempre destino
mas eu escrevi-te do fundo do tempo,
já não existias.
este é o império que se partiu ao meio
nas nossas mãos.
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